Formado em Jornalismo, Caio Dib iniciou a viagem em
março e já conheceu dez iniciativas educacionais nos Estados do Nordeste
O
paulistano Caio Dib, 22 anos, acabou de se formar em jornalismo. Com o dinheiro
que juntou dos empregos que já teve, podia ter ido fazer uma viagem pela Europa
para comemorar o ciclo que se inicia ou podia até ter se dado um presente. Mas
não. Ele resolveu viajar pelos rincões do Brasil conhecendo boas práticas em
escolas, financiando a aventura do próprio bolso. Tem se hospedado em albergues
ou hospedarias baratas, adotou a estratégia de fazer apenas uma boa refeição
por dia e, desde março, quando a viagem começou, já rodou mais de 6 mil
quilômetros usando avião, ônibus, carro e barco. Até agosto, quando a odisseia
acaba, ele deverá ter visitado 50 cidades e mapeado 25 experiências em
educação.
"Eu
ouvia falar das escolas, mas não as conhecia de verdade", disse Caio, que
vem se envolvendo com educação desde o ensino médio. Ele trabalhou na área de
novos negócios da diretoria de tecnologia da Abril Educação, em alguns projetos
de educomunicação e com redes sociais. "Quis conhecer o Brasil de fora do
escritório", afirma o jovem, que pediu a especialistas indicações de
experiências que deveria conhecer e montou um roteiro "totalmente
aberto", como gosta de frisar.
Assim,
quando dá na telha, se tem uma oportunidade de conhecer mais uma prática,
estende sua estadia. Se perceber que não vale a pena, encurta. Nesse meio
tempo, pela janela do ônibus e com conversas fiadas, vai também entrando em
contato com um Brasil totalmente novo para ele. "Se você não vai atrás,
não conhece nada além do seu mundinho. Eu já vi animal morto pela seca, chão de
terra, casa de taipa", diz.
Se você
não vai atrás, não conhece nada além do seu mundinho. Eu já vi animal morto
pela seca, chão de terra, casa de taipa.
Por
enquanto, já visitou dez iniciativas educacionais. Conheceu, por exemplo, uma
escola sustentável numa periferia de Belém (PA), a Emef Dr. Carlos Guimarães.
Lá, a diretora, que é ex-aluna, fez um programa de reaproveitamento de água da
chuva, criou uma horta e estimulou a reciclagem, o que mudou o ambiente da
escola. No Rio Grande do Norte, conversou com pessoas do governo e conheceu as
diretrizes da reformulação do projeto de educação de jovens e adultos (EJA) do
Estado – o currículo está sendo repensado por ocasião da comemoração dos 50
anos do método de alfabetização de Paulo Freire. Encantou-se com uma escola de
uma comunidade rural em Pentecoste (CE), que usa a aprendizagem cooperativa
como espinha dorsal das aulas.
Em cada
novo projeto que visita, ele leva um objeto relevante da visita anterior.
Apesar de encontrar práticas inovadoras em vários lugares, afirma o viajante,
poucas estão conectadas com outras experiências. "Eu sempre peço para a
escola um objeto que represente o trabalho que ela faz. Pode ser um livro, um
ramo de planta da horta, um CD… Daí eu anoto os dados de quem foi o líder do
projeto e entrego pra escola seguinte", afirma. "É uma tentativa de
formar uma rede entre eles. Até porque eu já estou formando a minha",
completa.
Além das
escolas, Caio também está atento a personagens que tenham tido sua vida mudada,
de alguma forma, pela educação. Foi o caso da tia da tapioca, que conheceu um
dia no café da manhã do lugar onde estava hospedado. Aos 56 anos, Dona Dora
quer fazer o Enem para concorrer a uma vaga em biologia porque "querer não
tem idade, né?". Aos 10 anos, ela ensinou a mãe a ler e escrever. Aos 14,
precisou abandonar os estudos para ajudar em casa. Mas em 2008, com os três filhos
criados, voltou para a escola e agora está terminando o ensino médio. "Eu
gosto de ouvir história de gente. Tenho conhecido pessoas incríveis", diz
ele.
Todas as
experiências relacionadas à educação estão sendo registradas no blog www.escolasdobrasil.blog.br
- para mantê-lo, tem recebido uma ajuda de custo das revistas Educação e Escola
Pública. As cidades que ele já visitou e ainda planeja visitar estão marcadas
no mapa disponível no blog. Também é possível acompanhar a odisseia de Caio
pelo Facebook, na página Caindo no Brasil.
Em poucos
dias, Caio encerra sua travessia por cidades no Norte e no Nordeste e começa a
desbravar o Centro Oeste. Sua expectativa é transformar tudo que tem visto,
ouvido e sentido, além do blog, em um livro quando voltar para São Paulo, no
segundo semestre deste ano. Quem quiser conhecer alguma experiência em educação
que não deve deixar de fazer parte deste roteiro, pode deixar a sugestão no
blog.
Fonte: http://noticias.terra.com.br/educacao/,302b59836abee310VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html?fb_action_ids=587486804606301&fb_action_types=og.likes&fb_source=timeline_og&action_object_map={%22587486804606301%22%3A545738955465051}&action_type_map={%22587486804606301%22%3A%22og.likes%22}&action_ref_map=[]